IELA completa 20 anos no CSE

11/07/2024 12:17

Foto: Equipe da Primeira Jornada Bolivariana – 2004

Texto de Elaine Tavares

O ano era 2004. Tínhamos acabado de sair de uma eleição para reitor. A chapa “Saber Mudar”, com Nildo Ouriques e Alkmar dos Santos saiu derrotada e a gente ainda estava numa espécie de ressaca. Perdíamos a chance de construir a universidade necessária. Na Agecom, eu e a compa Raquel Moyses sofríamos censura no nosso trabalho e sistemáticas ações de assédio moral. O cenário era bem desanimador. Mas, quem afinal pode ficar desanimado perto de Nildo Ouriques? Logo nos primeiros meses do ano ele já articulava a criação de um projeto para estudar América Latina. No Centro Socioeconômico, ele e a professora Beatriz Paiva buscavam garantir que tudo tomasse forma. Quando ele nos convidou para sair da Agecom e vir construir o Observatório Latino-Americano (OLA), não pensamos duas vezes. Lá também ninguém quis nos segurar. E foi assim que nos dia 9 de julho de 2004 formalizamos o início da caminhada do que viria a ser o Iela.

Beatriz conseguiu uma salinha no curso de Serviço Social e ali nos instalamos. Quatro meses depois já promovíamos a nossa primeira Jornada Bolivariana, discutindo a Venezuela. A América Latina palpitava em belezas e nós com ela. Lembro que tínhamos até problemas com professores vizinho que reclamavam da “barulheira” que sempre estava acontecendo na nossa sala. A vida em ebulição. No ano seguinte, nova Jornada, desta vez bem maior e assim fomos crescendo. Quando foi em 2005 já estávamos organizando criar um Instituto, que poderia incluir bem mais gente. E foi assim que em 2006 o IELA foi fundado a partir das entranhas do OLA. Agora mais forte, com mais professores que também estudavam a América Latina a partir de vários aspectos como a política, a história, o esporte e a tecnologia.

Em 2010, depois de longa batalha da Beatriz junto ao MEC conseguimos recursos para construir nossa sede própria, um mega espaço no Centro Socioeconômico.

Assim, celebramos 20 anos do começo desta que foi, no princípio, quase uma aventura. A ideia de trazer para a universidade o estudo sistemáticos de autores latino-americanos e o debate sobre os temas mais importantes para a Pátria Grande floresceu como semente boa plantada em terra fértil. Desde 2004 já passaram por aqui centenas de estudantes que conseguiram carregar para suas vidas esse sentimento de pertencimento a um lugar singular: Nuestra América. É sempre uma emoção receber no Instituto os ex-alunos que hoje percorrem caminhos desenhados aqui. E vamos indo com grupos de estudo, conferências, debates, cursos, programa de televisão, fazendo tudo o que está ao nosso alcance para repassar o conhecimento sobre esse lindo e tumultuado continente.

Dos quatro fundadores, Raquel e Beatriz já se aposentaram da UFSC. Restam eu e o Nildo, agora tendo outros companheiro e companheiras que foram se achegando na caminhada. Waldir Rampinelli, Dilceane Carraro, Paulo Capela, Lauro Mattei, Cris Sabino, Helô Telles, Camila Vidal e Maicon Claudio. Contamos ainda com a presença sempre refrescante dos estudantes que aqui atuam como bolsistas. A América Latina palpita neste pequeno espaço no CSE.

Cumpridas duas décadas de trabalho eu me orgulho e me enterneço. Porque já nem sei contar o tanto de intelectuais, pessoas lindas e amorosas, passaram por aqui. Cada um e cada uma deixando sua marca, seu sorriso, seu trabalho. Assim que hoje é dia de festa e de agradecer a todos esses parceiros que tornam possível a caminhada vitoriosa do nosso IELA.

Quem venham mais 20 anos e que a Pátria Grande se faça!

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